terça-feira, 27 de março de 2012

Os animais na História


Quando José Saramago escreveu A Viagem do Elefante houve quem pensasse que a história lhe tinha sido sugerida pela imaginação, mas não foi. O escritor baseou-se em acontecimentos verídicos, naquilo que o historiador Jorge Rodrigues chamou ‘A incrível história de Salomão, o elefante-diplomata de D. João III que viajou da Índia a Viena de Aústria’, no seu livro Salomão: o elefante diplomata, editado pelo Centro Atlântico. O elefante foi um presente bizarro mas muito apreciado e que ajudou a consolidar as relações do rei português com o seu primo austríaco.
Em 1515 D. Manuel I recebeu de um príncipe indiano um rinoceronte, que decidiu oferecer ao Papa Leão X. Os rinocerontes eram animais raríssimos aos olhos dos ocidentais e apesar de o Papa nunca ter recebido o animal, pois o navio que o transportava naufragou, o reino de Portugal marcou pontos aos olhos do papado.
Diga-se de passagem que este rinoceronte teve um importantíssimo papel no assumir da ilustração como instrumento de conhecimento científico, pois foi desenhado por um desconhecido, mas desse desenho foi feita uma gravura por um dos maiores artistas renascentistas, o alemão Albrecht Dürer, que correu mundo.
Por outro lado, na ficção, o norte-americano Lawrence Norfolk escreveu a história do animal num romance célebre, O Rinoceronte do Papa.
Colombo, Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu de Las Casas, entre muitos outros brindaram reis, Papas e demais senhores com papagaios, araras, iguanas, papa-formigas, anacondas, tatus, saguis, tucanos, periquitos, macacos e jacarés.
O exotismo dos animais recém-descobertos, oriundos do Novo Mundo, era aproveitado para ajudar a estabelecer e consolidar relações com diferentes reinos, numa época em que o ouro e o marfim, as especiarias e as sedas traziam valores monetários àquilo que seria a Europa e cujos governantes davam valor a prendas vivas, especialmente, se fossem originais.
Noutra vertente, o cartaginês Aníbal, considerado por muitos como o maior dos generais, usou elefantes para passar os Alpes na dupla perspectiva de serem animais possantes e aos quais havia um medo natural.

Agora pergunto: para que raio terei eu escrito isto? Estes parágrafos estavam nos meus papéis, com a minha letra, mas não faço ideia por que razão me debrucei sobre os animais na história. Seria vontade de inverter as coisas num dia em que me fartei de histórias de animais? Fosse o que fosse, não estava terminado porque as últimas palavras eram ‘Mais recentemente os animais também…’
Tenho que voltar a tomar a medicação…

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